sábado, 31 de março de 2012

Contexto Histórico do Trovadorismo

Galerinha, o vídeo abaixo além de ajudar vocês a contextualizarem o trovadorismo, ajudará vocês em História. Não deixem de ver!



Site interessante

Pessoal, no link abaixo vocês encontrarão cantigas medievais galego-portuguesas e, algumas delas não estão somente com as letras,vocês poderão ouvir!

Principais tipos de artistas trovadorescos


  • Trovador: compositor, cantor e instrumentador, pertencente, na maioria das vezes, à nobreza; pela qualidade cultural, compunha uma categoria superior.
  • Segrel: nobre ou fidalgo inferior ou em decadência; compositor e cantor, geralmente andarilho e profissional, ou seja, vivia do trabalho.
  • Jogral: artista de origem popular e de pouca cultura; raramente compunha, às vezes era bailarino, e servia aos senhores feudais para distrair a corte ou o exército.
  • Menestrel: artista de origem popular, limitava-se a apresentar as composições alheias em castelos e feudos em que trabalhava. 

Fonte: COC, Língua Portuguesa 3, Literatura Colonial, Pág. 11.

Exemplo de Cantiga de Maldizer



Bem me cuidei eu, Maria Garcia,
em outro dia, quando vos fodi,
que me nom partiss'en de vós assi
como me parti já, mão vazia,
vel por serviço muito que vos fiz,
que me nom destes, como x'homem diz,
sequer um soldo que ceass'um dia.

Mais desta seerei eu escarmentado:
de nunca foder já outra tal molher
se m'ant'algo na mão nom poser,
ca nom hei porque foda endoado;
e vós, se assi queredes foder,
sabedes como: ide-o fazer
com quem teverdes vistid'e calçado.

Ca me nom vistides nem me calçades,
nem ar sej'eu eno vosso casal;
nem havedes sobre mim poder tal
por que vos foda, se me nom pagades
ante mui bem; e mais vos en direi:
nulho medo, grado a Deus e a el-rei,
nom hei de força que me vós façades.

E, mia dona, quem pregunta nom erra
- e vós, por Deus, mandade preguntar
polos naturaes deste lugar
se foderam nunca, em paz nem em guerra,
ergo se foi por alg'ou por amor.
Id'adubar vossa prol, ai senhor,
ca vedes: grad'a Deus, rei há na terra.
 
                                                         Afonso Eanes do Coton

O autor reclama com Maria Garcia o fato de ele ter prestado a ela serviços sexuais e ela nada lhe deu em troca. 

Exemplo de Cantiga de Escárnio


Ai, dona fea! fostes-vos queixar
porque vos nunca louv’en meu trobar
mais ora¹ quero fazer un cantar          
en que vos loarei² toda via
e vedes como vos quero loar
dona fea, velha e sandia³!

Ai, dona fea! se Deus me perdon,
e pois havedes tan gran coraçon
que vos eu loe en esta razon,
vos quero já loar toda via;
e vedes qual será a loaçon:
dona fea, velha e sandia!

Dona fea, nunca vos eu loei
en meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já un bon cantar farei,
en que vos loarei: toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!

                                          Joan Garcia de Guilhade

Vocabulário: 1. agora, 2. louvar; 3. louca

Notem que o autor chama uma mulher de dona feia, velha e louca mas, não sabemos quem ela é.

Exemplo de Cantiga de Amigo

Non chegou, madr'¹, o meu amigo,
e oj'est² o prazo saido³!
ai, madre, moiro d'amor!

Non chegou, madr', o meu amado
e oj'est o prazo passado!
ai, madre, moiro d'amor!

E oj'est o prazo saido!
Por que mentiu o desmentido?
ai, madre, moiro d'amor!

E oj'est o prazo passado!
Por que mentiu o perjurado?
ai, madre, moiro d'amor!

Por que mentiu o desmentido
pesa-mi, pois per si é falido.
ai, madre, moiro d'amor!
Por que mentiu o perjurado
pesa-mi, pois mentiu a seu grado,
ai, madre, moiro d'amor!

                                                 D. Dinis

Vocabulário: 1. mãe; 2. hoje está; 3. vencido

Notem a presença do refrão e de paralelismos.

A Ribeirinha ou Cantiga de Guarvaia (Cantiga de Amor)


No mundo non me sei parelha,
mentre me for como me vai,
ca já moiro por vós - e ai!
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi en saia!
Mau dia me levantei,
que vos enton non vi fea!

E, mia senhor, dês aquel dia, ai!
me foi a mi mui mal,
e vós, filha de don Paai
Moniz, e ben vos semelha
d´haver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d'alfaia
nunca de vós houve nen hei
valia d'ua correa.

                                                Paio Soares de Taveirós